Agronegócio

Cutrale investe R$ 500 milhões no plantio de 5 mil hectares de laranja na região de Sidrolândia (MS)

A Cutrale deu um importante passo rumo à expansão de suas operações no Brasil. Anunciando um investimento de R$ 500 milhões no plantio de 1,73 milhão de pés de laranja em uma área de 5 mil hectares na divisa entre Sidrolândia e Campo Grande, no Mato Grosso do Sul (MS). O projeto, que utilizará sistemas de irrigação, visa não apenas aumentar a produção, mas também abrir caminho para a instalação de uma futura indústria de processamento de suco de laranja na região. A iniciativa, anunciada pelo governo do Mato Grosso do Sul, no primeiro semestre de 2024, coloca o estado no mapa da citricultura brasileira, tradicionalmente dominada por São Paulo e parte de Minas Gerais. Atualmente, nós temos a sinalização de praticamente 6,5 mil hectares de laranja plantada em sistema irrigado em MS.

O secretário de Desenvolvimento, Jaime Verruck, destacou a importância dessa expansão para áreas menos afetadas pelo greening, uma doença devastadora que tem prejudicado severamente as plantações de laranja, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Segundo Verruck, a presença reduzida da doença em MS torna o estado uma escolha estratégica para o desenvolvimento citrícola. Procurada na época do comunicado do Governo de MS, a Cutrale disse à Reuters que “confirma que esteve reunida com o governo do Mato Grosso do Sul para tratar de investimentos na citricultura da região”, completando ainda que: “A empresa não tem informações a adicionar, além das que já foram veiculadas pelas autoridades governamentais sobre o assunto em referência”, acrescentou. Não ficou claro o prazo para a implantação do projeto.

O local, segundo as informações para o investimento da gigante do setor de suco de laranja, que receberá o investimento é a Fazenda Aracoara, propriedade localizada às margens da rodovia BR-060, em no limite entre Sidrolândia com a capital Campo Grande.

Greening: um dos maiores desafios do setor da citricultura O greening, também conhecido como Huanglongbing (HLB), não tem cura e é transmitido por um inseto chamado psilídeo, que dissemina a bactéria entre as árvores, causando a queda na produtividade. Embora a doença já tenha sido detectada no Mato Grosso do Sul, as áreas mais atingidas ainda são as fronteiriças com São Paulo. Segundo o pesquisador Renato Bassanezi, do Fundecitrus, a menor pressão do greening no estado sul-mato-grossense oferece um ambiente mais favorável para a implementação de novos projetos citrícolas.

“Iniciando com um pomar em lugares livres da doença e adotando o manejo correto, é possível controlar a disseminação do greening na região”, afirmou Bassanezi. Além disso, o clima quente do estado, com temperaturas elevadas, dificulta o desenvolvimento da bactéria. Contudo, o especialista ressalta que o manejo adequado, incluindo o controle rigoroso do psilídeo, será essencial para o sucesso do projeto.

Outro fator crucial para a viabilidade desse projeto em MS é a irrigação. Com as temperaturas elevadas e o clima quente, a disponibilidade de água será um desafio constante. A instalação de sistemas de irrigação garante que as plantações mantenham um nível de produtividade elevado, mesmo em condições climáticas adversas. “A laranja vai bem em áreas arenosas, mas a irrigação é fundamental para atingir a alta produtividade esperada”, destacou Verruck. Perspectivas para o futuro com a Cutrale A entrada da Cutrale em Mato Grosso do Sul marca o início de uma nova fase para a citricultura no estado. Além do projeto em Sidrolândia, o governo estadual já está em contato com outros investidores interessados no plantio de laranja. Verruck confirmou que já existem 6,5 mil hectares de laranja plantada no estado, todos utilizando sistemas de irrigação, com expectativa de ampliar essa área nos próximos anos.

Esse movimento também abre espaço para a construção de uma indústria processadora de suco em MS, visto que transportar a fruta até São Paulo, principal polo produtor, pode não ser economicamente viável. Essa possível instalação industrial reforça o potencial da região como uma nova fronteira para a citricultura brasileira, especialmente em tempos de alta nos preços globais do suco, impulsionados pela queda na produção dos Estados Unidos.

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