Agronegócio

Sal-gema: Um Tesouro Subterrâneo com o Mesmo DNA do Sal Marinho

A descoberta da maior jazida de sal-gema da América Latina, localizada no norte do Espírito Santo, foi feita pela Petrobras na década de 1970, durante perfurações em busca de petróleo. Apesar de leiloada, essa jazida nunca foi explorada. A Assembleia Legislativa do Espírito Santo informa que a jazida foi descoberta nas proximidades de Conceição da Barra, revelando grandes quantidades de sais, incluindo sal-gema.

Por obra do destino, ou da própria natureza, ao longo do tempo, a mineradora, hoje extinta, descobriu a maior jazida de sal-gema do Brasil, contendo 54% das reservas estimadas no país, com quase 20 bilhões de toneladas. Desde então, quilombos e ativistas ambientais têm alertado as autoridades estaduais sobre os possíveis impactos ambientais da extração desse mineral.

Literalmente vindo da terra, ou melhor, debaixo dela, o sal-gema possui o mesmo “DNA” (cloreto de sódio) de seu “irmão” mais conhecido, o sal marinho, geralmente transformado em sal de cozinha. A diferença está na forma de formação – o tempero que consumimos diariamente geralmente vem do mar e surge a partir da evaporação da água represada pelo homem.

Esse processo é extremamente mais rápido em comparação à formação do “irmão mais velho”, também conhecido como sal fóssil. Nesse caso, a evaporação e a formação das rochas começaram há 120 milhões de anos, com a deposição de sal, explica o professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Paulo de Tarso Ferro de Oliveira Fortes. As camadas levaram cerca de 500 mil anos para se formarem naturalmente.

Segundo o geólogo, o sal-gema é encontrado em todo o mundo. As rochas descobertas no estado estão em camadas com até 2 mil metros de profundidade e apresentam boa pureza. Enquanto o sal marinho é usado principalmente para consumo humano e animal, o sal-gema, existente em quantidades maiores, é empregado principalmente na indústria química.

É uma matéria-prima versátil, utilizada na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e bicarbonato de sódio; na composição de produtos farmacêuticos; nas indústrias de papel, celulose e vidro; e em produtos de higiene, como sabão, detergente e pasta de dente. Também é utilizado no tratamento da água e nas indústrias têxtil e bélica.

O sal-gema é uma rocha composta basicamente por halita (NaCl) e não deve ser confundido com o sal de potássio (KCl), geralmente usado para produzir fertilizantes.

Potencial de mineração: É a única jazida do país próxima ao Sul-Sudeste

A viabilidade econômica latente é inegável. Relatórios realizados pela Petromisa ainda na década de 1980 já indicavam grande presença de sal solúvel em 11 áreas da região. Com base nessas informações, o ex-diretor-geral do então Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Miguel Nery, estima o volume de sal-gema (entre recursos medidos, indicados e inferidos) em torno de 20 bilhões de toneladas.

A perfuração de poços para a produção de sal sólido o primeiro passo na exploração das jazidas. A criação de uma salina poderia também atender ao consumo humano e animal, além de abastecer plantas de cloro-soda. Uma das vantagens do Espírito Santo seria a localização das reservas. É a única jazida do país próxima ao Sul-Sudeste.

O sal-gema capixaba de alta qualidade, aliado à logística favorável e à reserva potencial, pode ajudar o estado a competir nos mercados consumidores.

 

 

 

 

 

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