Matopiba ultrapassa produção de 9 milhões de toneladas de milho e se torna a 2° maior cultura na região. Produtores devem se proteger com Crédito Rural
O milho é a segunda cultura de maior relevância na produção agrícola de Matopiba, região que se estende por os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, região muito valiosa para o agronegócio brasileiro pela sua intensa produção de grãos e fibras.
Somente em 2024, a produção total de milho na região deverá superar cerca de 9 milhões de toneladas, de acordo com 7º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, da Conab, consolidando o território como uma das principais potências agrícolas do país.
Esse desempenho é impulsionado, em parte, pelo aumento da área plantada, estimada em 2.267 milhões de hectares, alta de 6% em relação ao ciclo anterior.
Para garantir a sustentabilidade dos produtores diante das adversidades climáticas, o Seguro Rural poderá ser um aliado na região.
No ano passado, de acordo com levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), a procura por Seguro Rural na região, cresceu 11,4%, número muito superior à média nacional, de 1,5%. Esse avanço, mesmo tímido, resultou em uma arrecadação superior a R$ 901 milhões, que representou 6,4% do total de 2024 em todo país (R$ 14,2 bilhões).
Para Renato Magalhães, diretor do SindSeg BA/SE/TO, o crescimento da produção no Matopiba é uma conquista importante para o agronegócio, mas precisa vir acompanhado de proteção. “O Seguro Rural é essencial para dar segurança financeira ao produtor diante de perdas por clima ou mercado. Sem ele, todo o investimento feito na lavoura fica vulnerável. A baixa adesão ao PSR mostra que ainda há um longo caminho para tornar essa ferramenta acessível e eficaz na região.”
Na avaliação de Glaucio Toyama, presidente da Comissão de Seguro Rural da Federação Nacional das Seguradoras (FenSeg), “a tecnologia empregada e o desenvolvimento climático favoreceram Matopiba neste ciclo, mas também sinaliza para a necessidade de as seguradoras terem um olhar para a região, a partir do desenvolvimento de modelos e produtos adequados”.
Para estruturar essa política de mitigação de riscos, o Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR) foi criado com o objetivo de ajudar o produtor a recuperar sua capacidade financeira em caso de sinistros. Ao longo dos anos, o PSR tem se consolidado como uma das principais políticas públicas do agronegócio brasileiro. Em 2024, segundo dados do Atlas do Seguro Rural, o programa viabilizou a comercialização de mais de 24 mil apólices voltadas ao milho, sendo 18.492 para o milho safrinha e 5.578 para a primeira safra, culturas que figuram entre aquelas com maior incentivo do governo.
No entanto, mesmo diante da crescente importância de Matopiba no cenário nacional, a adesão ao PSR na região segue baixa. Apenas 192 apólices foram beneficiadas com a subvenção no ano passado, número considerado ínfimo diante do potencial agrícola dos quatro estados. O dado chama atenção sobretudo diante das estimativas do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), que preveem uma produção de 48 milhões de toneladas de grãos até a safra 2032 / 2033, um aumento de 37%, acompanhado de uma área cultivada de 11 milhões de hectares. O PSR, ao subsidiar parte do custo do seguro, amplia o acesso e fortalece a resiliência da atividade agrícola frente às incertezas climáticas e econômicas.
O representante da FenSeg destaca que o posicionamento da região na produção agrícola brasileira representa o potencial para distribuir os riscos das seguradoras, ponto estratégico para os portfólios de seguros agrícolas por garantir a sustentabilidade deste mercado. “Ainda assim, há que se levar em conta as dificuldades orçamentárias do PSR e a limitação de valores de subvenção, hoje em 60 mil reais por produtor, dependendo do tamanho da estrutura fundiária da região”, aponta Toyama. “Precisamos desenvolver produtos aderentes ao Matopibae garantir, junto ao governo federal, condições de subvenção que estimulem a contratação dos produtos”, completa.
Além dos desafios financeiros, os impactos das mudanças climáticas impõem uma nova realidade ao setor. Alterações nos padrões meteorológicos têm provocado secas prolongadas, inundações e temperaturas extremas, afetando diretamente a produtividade no campo. A elevação da temperatura média também favorece a proliferação de pragas e doenças, exigindo estratégias fitossanitárias cada vez mais robustas e eficazes. Nesse contexto, o Seguro Rural, especialmente por meio do PSR, ganha ainda mais importância como instrumento de proteção da economia agrícola brasileira.